O EMPODERAMENTO DO GENÉRO, UM OLHAR PARA OS BENEFÍCIOS DO EMPODERAMENTO MASCULINO

    A reflexão que aqui me proponho fazer, certamente não se esgota num único artigo. No entanto procurarei focar a minha abordagem em 2 aspectos que considero importante destacar,  quanto ao tema em análise.

Por: Efigénia Perpétua dos Prazeres Jorge (Ministra-Conselheira em funções na Embaixada de Angola no Quénia e Representação Permanente da República de Angola Junto do Escritório das NU em Nairobi).

Porquê Empoderar Homens e não apenas Mulheres?

A  palavra Empoderamento, tem sido usada em diferentes contextos e por diferentes organizações, existindo portanto uma variedade de entendimentos devido ao seu uso generalizado.  O termo no entanto, tem sido descrito ou  qualificado com particular referência ao Empoderamento das Mulheres e Raparigas. 

De acordo com o Banco Mundial, empoderar as Mulheres, significa capacitá-las para colocar em evidência todo o seu potêncial e ter controlo sobre as próprias vidas, o que inclui desafiar normas sociais e estruturas de poder que limitam as oportunidades e o acesso aos recursos, bem como ter a capacidade de fazer escolhas. 

Mas, e quanto aos  homens? Porque é que não se fala tanto do empoderamento dos homens tal como se fala do empoderamento das mulheres? Será que  os homens não precisam ser empoderados?

O facto do  genéro feminino ter sido o que historicamente muitas vezes foi marginalizado, quer de fazer as suas escolhas, quer de participar activamente na sociedade, pode em meu entendimento,  ter contribuído para este cenário.

Acredito no entanto, que tal como as mulheres, os homens também enfrentam esteréotipos, pressão e expectativas sociais etc, que podem  limitar o seu potencial, empenho  e bem estar. 

Empoderar os homens neste sentido, significará entre outros, promover a masculinidade positiva, abordando questões como a saúde mental, incentivando a expressão emocional e a defesa da igualdade de direitos e oportunidades. Empoderar os homens, incluí o processo de fortalecê-los  em diversos aspectos da vida, incluíndo aspectos emocionais, sociais, profissionais e pessoais, e ao contrário do que se possa julgar, não se trata de reforçar o poder masculino tradicional, mas sim de desafiar construções sociais limitantes para homens e mulheres. 

Daí que, pessoalmente defenda que  o empoderamento do género não se deve limitar ao empoderamento da mulher. É preciso empoderar os homens,  para que tenhamos  sociedades mais justas,  equitativas  e equilibradas para todos. 

O Empoderamento masculino enquanto factor de justiça social. 

De acordo com o Relatório Global sobre a Disparidade de Género do ano de 2024,do Forúm Económico Mundial,  para o qual  a igualdade do género continua a ser uma incógnita, serão necessários 134 anos para atingirmos a paridade de género.  Segundo o mesmo relatório, nos últimos anos, a proporção de mulheres em cargos de chefia, gestão,  e topo de gama(Objectivo de desenvolvimento Sustentável 5.5.2) foi inferior a 35% em metade dos países do mundo. Os homens ainda ganham mais do que as mulheres na maioria dos países, mesmo exercendo as mesmas actividades e ou funções do que elas. E em quase todos os sectores, devido a vários  factores, incluindo a persistente segregação de género, as interrupções na vida profissional das mulheres devido a maternidade, a distribuição desigual das responsabilidades familiares e de cuidados e práticas salariais injustas. 

A pergunta que me imponho fazer aqui, é? Como alterar este cenário? E se os homens fossem mais envolvidos, mais empoderados? Partilho a opinião da vitalidade dos homens, na defesa da igualdade de género no local de trabalho e na criação de um ambiente em que todos têm oportunidades iguais de sucesso. Os homens têm o poder de desafiar estereótipos e usar a sua influência para impulsionar mudanças sistémicas.

O empoderamento masculino aumentaria a participação masculina em diversas áreas, incentivando a participação dos homens em actividades tradicionalmente associadas  ás mulheres, como cuidados da casa, da família, etc, ao mesmo tempo que abre espaço para que mulheres exerçam actividades tradicionalmente associadas aos homens.

Outra vantagem do empoderamento masculino é o fortalecimento dos relacionamentos, levando a relacionamentos mais saudáveis e equilibrados, baseados no respeito mútuo e na igualdade. 

Homens e meninas devem em meu entender, ser incentivados no hábito de cuidar. A prática traz benefícios sociais e para o relacionamento de pais e filhos.

Portanto homens no cuidado dos filhos ou da lida da casa, deve ser normalizado, tal como mulheres em cargos de liderança, chefia ou direcção de instituições públicas e privadas. 

Ao desafiar estereótipos e promover a igualdade, os homens empoderados, podem inspirar outras gerações a construir um futuro mais justo e igualitário. 

Portanto, o empoderamento masculino, não é uma questão de defesa de interesses individuais, mas essencial e fundamentalmente uma questão de bem-estar social, e uma contribuição,  para um mundo mais justo e equilibrado para todos.