TENTATIVA DE FEITIÇO TERMINA COM NETA FERIDA E ACUSAÇÕES ENTRE FAMILIARES
- Portal Destaques
- 16 de mai.
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Por: Ernesto João
Um caso insólito envolvendo práticas tradicionais e acusações de feitiçaria está a chocar a comunidade do Bairro Tande, no município do Sequele, província do Icolo e Bengo.
Uma mulher de 40 anos é acusada de lançar uma “tala”, prática associada ao feitiço contra o seu sobrinho, mas que acabou por atingir a própria neta, de 19 anos.
A jovem, identificada como Esmeralda da Graça (nome fictício), contou ao Portal Destaques.ao que o incidente ocorreu no passado dia 24 de abril, quando regressava de um levantamento num ATM em Viana.
Ao entrar no quintal da casa, sentiu uma súbita dor intensa no pé que rapidamente inflamou, impossibilitando-a de se mover. “Abri o portão, marquei um passo e fiquei colada. O pé começou a inchar de forma estranha”, relatou.
Sem ajuda por várias horas, permaneceu de pé das 10h às 14h até ser auxiliada por uma mulher desconhecida que a levou para dentro de casa. Esmeraldina pediu então que chamassem uma vizinha conhecida como adivinhadora, que após avaliar a situação, concluiu tratar-se de uma “tala”.
Os pais da jovem, ausentes na hora do incidente, desconheciam o ocorrido até ao seu agravamento. Esmeraldina foi levada para tratamento por volta das 19h, ficando três dias em recuperação na chamada “zona verde” da mesma localidade.
“Foi a primeira vez que dormi numa casa às escuras”, recorda com tristeza.
Segundo a curandeira que atendeu a jovem, o feitiço era supostamente direcionado ao pai da vítima, sobrinho da mulher agora acusada. “Ela disse que sou especial. Se não fosse, teria morrido ali mesmo”, acrescentou a jovem.
O sociólogo João Mbengui, ouvido pelo Destaques, explicou que a “tala” é um fenômeno tradicional comum em comunidades vulneráveis e com baixos níveis de escolaridade.
“São práticas que causam dores, inflamações e até mortes. Envolvem objectos como facas, ferros, pós ou fios, sendo motivadas por inveja ou desentendimentos familiares”, explicou.
Segundo o responsável, essas práticas promovem conflitos e divisões dentro das próprias famílias e comunidades.
Após descobrir que a irmã do marido seria a suposta autora do acto, a mãe da jovem confrontou a cunhada e, tomada pelo nervosismo agrediu-a violentamente, deixando-a com o rosto desfigurado.
Esmeraldina já se encontra de volta ao convívio familiar, embora ainda em tratamento.
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