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Os desafios do sector social fazem de Angola um país sem paz, apesar da guerra ter terminado há 22 anos

Foto do escritor: Portal DestaquesPortal Destaques

Por: Agostinho Gayeta


As políticas de combate contra fome e a pobreza, as assimetrias regionais e sociais, as dificuldades de acesso à educação e a falta de escolas, a qualidade dos serviços de assistência médica e medicamentosa, assim como o a exiguidade do número de hospitais são algumas das guerras actuais do país que devem ser combatidas, segundo analistas.


O país ainda está longe de alcançar a verdadeira paz social devido as desigualdades e exclusão que o envergonham, de acordo com Rui Mangovo, Especialista em Democracia e Governação Participativa, citando dados de organizações internacionais sobre a fome e a pobreza que grassam o território nacional.


«Um dos grandes desafios que nós encontramos é resolver os problemas das desigualdades e da exclusão social, este é o ponto central [da governação].


Os Governos têm prerrogativas e uma delas é dar condições de vida aos seus cidadãos, olhar para o bem-estar das pessoas. Este é deve ser o foco principal de um Governo e quando não se consegue alcançar esta prerrogativa significa que este Governo está a falhar», sublinhou.


A pobreza, a miséria e a falta de emprego fazem parte do conjunto de desafios actuais do Governo e que concorrem para o surgimento de revoltas sociais promovidas pelo exército de pessoas insatisfeitas, começou por dizer Alcides Ferreira Chivango, docente e Neuro psicopedagogo, para quem “é injusto o fosso entre ricos e pobres em Angola e a existência de cidadãos de primeira e de segunda, situações que causam revolta”.


«Não é justo ver jovens angolanos a viverem dos contentores de lixo, ver jovens que terminaram a licenciatura e não conseguem abrir uma empresa. Não é justo nós criarmos cidadãos de primeira e de segunda, somos todos angolanos. Ver angolanos que auferem um salário de 6seis milhões \mês e outros 32 mil kwanzas. Esta disparidade cria uma revolta e tira a essência da paz. Este foço entre ricos e pobres temos que reduzir. Precisa-se devolver o direito económico às pessoas”.


Igualmente na visão do analista, os angolanos clamam pelos seus direitos, pela justiça social e distributiva assim como pela verdadeira reconciliação nacional. Para se construir a paz verdadeira, segundo Chivango, precisa-se colocar o homem no centro da governação.

«O que está a faltar em Angola e na nossa política é a mentalidade da paz. Temos de criar uma cultura de paz, criar cultura do mérito, aceitar as críticas vindas de dentro ou de fora.


Precisamos ser vistos como um país urbano. Não podemos promover a imbecilidade. As nossas escolas têm de promover uma cultura de crítica que aponta caminho, precisamos devolver o poder ao povo, [que consiste em] respeitar as eleições, respeitar as promessas e fazer do país uma rés-pública», aflorou.


A construção de infraestruturas para os sectores da saúde e da educação é um facto em grande parte da extensão do território nacional, mas ainda assim é insuficiente. O Especialista em Democracia e Governação Participativa lamenta o facto de o país investir mais na saúde curativa que na saúde preventiva. Rui Mangovo refere, por outro lado, que é preciso projectar o futuro e o desenvolvimento do país por meio da educação.

«A educação é uma planta. Você planta para depois recolher. Se não se projectar agora estamos a prejudicar o futuro. Temos que olhar para o desenvolvimento. Se olharmos para Europa, verificamos que passou por duas guerras mundiais que foram devastadoras. Mas as revoluções que hoje estudámos nas escolas: revolução francesa, revolução industrial, surgiram porque tiveram que apostar na educação», esclareceu o também presidente da Associação Presença Cívica de Angola.


Os efeitos das decisões das autoridades devem ser observados a olhos nus, mas em relação ao combate contra pobreza e a fome não se observa a prática correcta e concreta, que o diz é o Jurista José Ndimba Candeeiro para quem “temos um país falido, desde a sua génese até a sua composição”, no que toca a estrutura da governação política.


«Cada um na busca consta pela sua subsistência as pessoas praticam actos lesivos ao país. O Executivo não mostra sinais concretos, rigorosos, sincronizados e responsáveis para banir esta situação, o que faz acreditar na intromissão dos dirigentes políticos em negócios ilícitos para dai tirarem dividendos e se autoprotegerem».


A solução paras os desafios sociais da paz em Angola passa pela criação de instituições credíveis que do ponto de vista da eficiência conseguem lograr os principais objectivos de um Estado, entre estes o de prover o bem-estar social, uma vez que ainda se verificam situações gritantes referentes a corrupção e a ineficiência governativa, afirma o Especialista em Democracia e Governação Participativa.


«As situações muito graves de corrupção não permitem que os programas do Governo sejam alcançados. Creio eu que este seja o desafio principal: ver a situação das desigualdades e da exclusão social, ver a questão da educação que é o ponto fundamental e da saúde», disse Rui Mangovo.


A paz é o novo nome do desenvolvimento cuja existência pressupõe uma cultura de respeito à vida e da generosidade. Alcides Chivango entende que respeito aos direitos humanos e da cidadania são fundamentais para paz em Angola e, a presença da justiça, da liberdade e da igualdade são os pressupostos para o sossego, que implica a existência de condições físicas, sociais, económicas, políticas, culturais e ecológicas que apoiam o desenvolvimento harmonioso.



«Sentimos que muitos direitos humanos têm sido atropelados no nosso país. Não podemos viver num país com muitos recursos naturais e vermos uma extrema pobreza, isto faz acreditar que as pessoas ainda não sentem a paz. Não reconhecem o valor da paz. Para que haja uma verdadeira paz, a exigência é a justiça social», disse.

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