O Retorno do Makuela é a Restauração da Nossa Identidade
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O Director da Escola de Sabedoria Bantu, Príncipe-Chefe Yóuzua Bomengo, partilhou nesta semana uma profunda reflexão sobre o resgate das práticas culturais ancestrais do povo Kongo, com especial enfoque na poligamia tradicional africana, conhecida como Makuela.
Sob o tema “Duas Mulheres, Um Lar e Um Marido”, o Principe desafia os paradigmas impostos pela colonização e pelas doutrinas ocidentais que, segundo ele, desestruturaram os alicerces familiares e sociais da civilização bantu.
Yóuzua Bomengo aponta o dedo às instituições políticas, religiosas e jurídicas herdadas do Ocidente, que ao longo dos séculos foram impostas ao povo Kongo, criminalizando ou marginalizando práticas milenares como a poligamia.
“Quando nos proibiram de viver segundo o Makuela, o adultério e a prostituição encontraram terreno fértil nas nossas comunidades”, afirmou.
Acrescentou que “em nome de uma moral ocidental, arrancaram-nos a nossa identidade e nos ensinaram a abominar o que sempre foi sagrado para os nossos ancestrais”.
Na sua visão, a rejeição sistemática da poligamia tradicional em favor de modelos familiares importados resultou numa quebra na harmonia social, provocando desequilíbrios afectivos, familiares e até espirituais.
Para Yóuzua, o retorno ao Makuela não é apenas uma questão de escolha pessoal, mas sim um acto de resistência cultural e de restauração de uma identidade milenar.
“Hoje, tentam convencer-nos a aceitar a homossexualidade como liberdade, mas não aceitam que duas mulheres partilhem um marido de forma consentida, respeitosa e tradicional. É uma contradição que não podemos mais ignorar”, sublinhou.
O responsável da Escola de Sabedoria Bantu destacou ainda que é essencial que as novas gerações aprendam a distinguir entre adultério e poligamia.
“Adultério é traição. Poligamia é aliança, adultério é ocultação, poligamia é clareza, adultério é egoísmo e Poligamia é estrutura comunitária.”
A reflexão do Príncipe-Chefe Yóuzua Bomengo reacende o debate sobre os valores tradicionais versus imposições culturais externas e convida os angolanos — e africanos em geral — a repensarem os seus modelos de convivência familiar à luz das suas próprias raízes civilizacionais.

“Já não nos vão enganar. O nosso povo está a despertar, o retorno ao Makuela é o retorno à nossa verdade”, concluiu.
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