CRIANÇAS DESAMPARADAS EM CABINDA: REALIDADE ALARMANTE GERA MOBILIZAÇÃO SOCIAL E ACADÉMICA
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- 18 de jun.
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Por: Redacção
Os casos de abandono de crianças, acusações de feitiçaria, trabalho infantil e abusos sexuais continuam a gerar grande preocupação entre famílias e autoridades da província de Cabinda. A revelação foi feita nesta terça-feira, 17 de Junho, por Teresa de Jesus, chefe dos Serviços Provinciais do Instituto Nacional da Criança (INAC), durante a abertura das 2.ª Jornadas Científicas e Pedagógicas sobre a Criança, promovidas pela Faculdade de Medicina da Universidade 11 de Novembro.
De acordo com a responsável, de Janeiro até à presente data, o INAC registou 15 casos de acusação de feitiçaria contra menores, 74 de fuga à paternidade, 34 de trabalho infantil e três de abusos sexuais. Estes casos foram encaminhados aos órgãos de justiça da província, tendo a maioria conhecido um desfecho favorável às crianças afectadas.
Teresa de Jesus destacou ainda a existência de mais de 50 crianças desamparadas que vagueiam diariamente pelas ruas de Cabinda em busca de alimento. Sublinhou que a retirada desses menores da rua exige um esforço conjunto e sustentado, frisando que “não basta apenas tirá-los das ruas; é preciso criar condições para que não retornem”.
No mesmo fórum, o vice-reitor para a Área Científica e Pós-Graduação da Universidade 11 de Novembro, Alcides Simba, enfatizou que o evento pretende lançar um apelo à comunidade científica, especialmente das ciências humanas, para identificar as causas profundas das dificuldades enfrentadas pelas crianças em Cabinda e propor soluções sustentáveis.
Segundo o académico, “as crianças em Cabinda não têm tido o que merecem”, devido à situação socioeconómica precária de muitas famílias, especialmente no que diz respeito à alimentação. Para ele, o empoderamento económico das famílias e a formulação de políticas públicas mais incisivas são caminhos essenciais para inverter o actual quadro.
“À medida que o país se industrializa, é fundamental criar mecanismos mais eficazes para a distribuição de cestas básicas às famílias mais vulneráveis. A nutrição é uma prioridade. Se as crianças forem alimentadas, não precisarão recorrer às ruas”, declarou.
As Jornadas Científicas e Pedagógicas sobre a Criança decorreram sob o lema “A Educação e a Ciência ao Serviço da Criança: o Nosso Melhor Legado” e reuniram docentes e estudantes de várias instituições públicas e privadas de ensino superior da província.
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